Segundo João Cabral de Melo Neto, a palavra
deve “dizer”. Uma das formas de “não
dizer” é empregar vocábulos inexpressivos ou preciosos. Entre os primeiros, está
o adjetivo “complicado”. Vez por outra me deparo em redações de alunos com frases
do tipo: “A relação dos jovens com a família é complicada”. Dizer que algo é complicado
dá uma ideia muito vaga do que ele representa. Complicado em que nível? Em que
sentido? Em que dimensão?
Outra palavra que diz muito pouco é “interessante”. Melhor do que escrever “a ONG Tal propôs uma medida interessante para reduzir os danos do efeito estufa” é fugir desse preâmbulo evasivo e dizer logo qual medida foi. Assim como “complicado”, “interessante” paira num limbo semântico; é insípido, incolor.
Além disso, aplica-se tanto a ações, quanto a pessoas e coisas. O resultado é que não define nada nem ninguém. O que se quer dizer de uma mulher ao chamá-la de interessante? Isso pode abarcar um espectro que vai de Gisele Bündchen a Madre Teresa de Calcutá. E dá para confiar num termo que ao mesmo tempo qualifica esses dois extremos do comportamento feminino?
Os exemplos acima constituem falta de rigor, mas não são preciosos. Preciosismo é a escolha de uma palavra rara, às vezes pernóstica, em vez de outra simples e direta. Por exemplo: “Os genitores devem demonstrar amor, valorização e respeito, pois uma boa educação é uma agregação dessas percepções.” Não é de estranhar que alguém que inicia o período por “genitores” (em vez de “pais”) fale em “agregação dessas percepções”.
É também inapropriado usar “genitor” como metáfora para causa ou origem, como fez outro aluno: “Por trás do vício da cola esconde-se o genitor das desigualdades sociais: a corrupção”. Se a corrupção tem genitor, tratemos de descobrir sua possível genitora para impedir que venha à luz esse rebento tão pernicioso ao nosso país.
Palavras inexpressivas ou preciosas são inimigas da redação eficiente. Urge escoimá-las, perdão!, é preciso cortá-las do texto sem pena. Hoje não se suporta mais firula nem no futebol.
Outra palavra que diz muito pouco é “interessante”. Melhor do que escrever “a ONG Tal propôs uma medida interessante para reduzir os danos do efeito estufa” é fugir desse preâmbulo evasivo e dizer logo qual medida foi. Assim como “complicado”, “interessante” paira num limbo semântico; é insípido, incolor.
Além disso, aplica-se tanto a ações, quanto a pessoas e coisas. O resultado é que não define nada nem ninguém. O que se quer dizer de uma mulher ao chamá-la de interessante? Isso pode abarcar um espectro que vai de Gisele Bündchen a Madre Teresa de Calcutá. E dá para confiar num termo que ao mesmo tempo qualifica esses dois extremos do comportamento feminino?
Os exemplos acima constituem falta de rigor, mas não são preciosos. Preciosismo é a escolha de uma palavra rara, às vezes pernóstica, em vez de outra simples e direta. Por exemplo: “Os genitores devem demonstrar amor, valorização e respeito, pois uma boa educação é uma agregação dessas percepções.” Não é de estranhar que alguém que inicia o período por “genitores” (em vez de “pais”) fale em “agregação dessas percepções”.
É também inapropriado usar “genitor” como metáfora para causa ou origem, como fez outro aluno: “Por trás do vício da cola esconde-se o genitor das desigualdades sociais: a corrupção”. Se a corrupção tem genitor, tratemos de descobrir sua possível genitora para impedir que venha à luz esse rebento tão pernicioso ao nosso país.
Palavras inexpressivas ou preciosas são inimigas da redação eficiente. Urge escoimá-las, perdão!, é preciso cortá-las do texto sem pena. Hoje não se suporta mais firula nem no futebol.
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