“Da Rede à rua.” Esse foi o título que um aluno deu a
sua redação sobre novas formas de participação popular. Um título coerente,
pois a tese era a de que o chamado ativismo virtual fica mesmo nesse plano e
não evolui para manifestações reais. Mas sobretudo um título criativo,
literário, pois associa a metonímia “rua” (lugar pela ação) à aliteração da
vibrante múltipla (/rr/).
Infelizmente o Enem não exige que o candidato dê título à redação. Nem
ao menos concede uma pontuação maior a quem faz isso (embora os corretores, que
são sobretudo leitores, valorizem um texto que os orienta quanto ao que vão
ler). O resultado é que os alunos não se sentem motivados a fazer esse
excelente exercício de síntese, que é intitular.
E não é apenas no Enem que a omissão
ocorre. De modo geral os professores, por simplificação e generosidade, também
não solicitam essa tarefa – o que em nada beneficia a inteligência dos seus
alunos.
Eu
penso e faço diferente. No início a turma protesta, diz que não está habituada,
mas com o tempo se acostuma. E percebe que, dando um título, tem uma visão
melhor do texto e orienta a atividade de leitura. O leitor agradece quando
recebe essa primeira sinalização. E mais ainda quando ela vem de forma
criativa, como ocorreu no exemplo acima.