quarta-feira, 6 de setembro de 2023

"Guia de escrita"

          

Esse livro é dos melhores que li sobre a arte de redigir. Com base em postulados da neurolinguística, o autor nos apresenta os princípios do chamado “estilo clássico”. Entre as diretrizes desse estilo está o emprego da ordem direta, a fuga às abstrações (“O estilo clássico minimiza as abstrações, que não podem ser vistas a olho nu”), a preferência por verbos, a recusa ao emprego dos chamados “substantivos zumbis”, que tendem a “esconder” os responsáveis pelas ações (corrijo muito essa prática nas redações dos vestibulandos, que escrevam frases do tipo: “É preciso mudança e renovação no nosso sistema de ensino”, sem informar quem deve fazer tais mudanças e, sobretudo, quais seriam elas). Há também no livro ótimas observações sobre o uso da voz passiva (às vezes injustamente estigmatizada) e sobre os perigos da “maldição do conhecimento”, que consiste em achar que o leitor é capaz de entender conceitos ou nomenclaturas de determinadas áreas. Esse mal acomete muito os intelectuais e não raro os leva à obscuridade, que no fundo disfarça um falso saber.