Uma
dúvida comum aos que vão fazer o Enem é se devem começar a responder a prova
pela
produção textual ou pelas
questões objetivas. E caso optem pela primeira possibilidade, quanto tempo
dedicar à redação? A resposta varia de acordo com cada pessoa, mas o
recomendável é começar pela questão discursiva. Além de valer mais pontos, a
redação exige um maior trabalho intelectual; preencher as trinta linhas (ou um
número aproximado) vai muito além de marcar xis. Com prática, pode-se
desempenhar essa tarefa em pouco mais de uma hora. Essa é a faixa de tempo que os
alunos gastam quando fazem os vestibulares simulados.
Alguns se ressentem de escrever sob pressão,
mas as notas que obtêm em classe não são diferentes das obtidas em casa. Às
vezes são até melhores. Uma hipótese para explicar isso é que na classe eles
ficam mais concentrados. Geralmente o tempo que se gasta “a mais” na elaboração
do texto deve-se a atitudes inúteis, como reler períodos, retocar demais as frases,
e não há como fazer isso num simulado com hora para terminar (e com o professor
em cima, de olho). Uma boa dica é reler os parágrafos quando já estiverem
prontos. Depois ler a redação por inteiro e mudar o que for conveniente.
O controle do tempo é importante na
redação porque os textos das questões objetivas são longos; retardar-se demais
na escrita compromete a atenção que se deve dar a eles. Por outro lado, é possível
ganhar tempo na resposta a essas questões caso se atente para determinadas especificidades
que apresentam. Ao contrário do que ocorre em outros vestibulares, que nesse
tipo de questionamento enfatizam o “conteúdo”, no Enem comumente se abordam tópicos
formais ou pragmáticos (procedimentos ou intenções do autor, marcas linguísticas,
níveis e funções da linguagem).
Muitas vezes a resposta é percebida logo
na primeira linha do texto de suporte, na qual se evidencia, por exemplo, uma marca
de registro linguístico (formal, coloquial, regional). Outras vezes ela está nas
próprias alternativas, que definem erradamente determinados conceitos (como os
referentes às funções da linguagem). Há casos em que está num detalhe semântico;
quem soubesse que um dos sinônimos de “matriz” é “base” acertaria sem muito
trabalho a questão 113 do Enem 2013. O candidato deveria apontar a alternativa “e”,
segundo a qual a escrita contribui para a evolução tecnológica por “fornecer base essencial para o progresso das
tecnologias de comunicação e informação”. Constava no suporte que “a impressão
(escrita) é a matriz que deflagrou
todo esse processo educacional eletrônico”. Isso mostra que a atenção na leitura é fundamental.
Elaborar
um roteiro reduz bastante o tempo que se leva para produzir o texto. É melhor
gastar cerca de meia hora fazendo um esquema e depois ir em frente, sem
interrupções, do que ficar mudando o rumo do que se quer dizer. Também é útil,
para escrever com presteza, usar um vocabulário transparente e objetivo.
Hesitar demais entre um ou outro termo compromete o fluxo do pensamento e,
obviamente, retarda a elaboração textual.
Outra forma de ganhar tempo é procurar compreender
bem o tema, e para isso conta bastante a leitura cuidadosa dos textos
motivadores. A adequada percepção do que a Banca pede ajuda a delinear o ponto
de vista e escolher o foco, ou seja, o fio expositivo. A partir daí fica fácil
selecionar argumentos, estabelecer relações entre os parágrafos e apresentar as
propostas de intervenção social.
Se quiser terminar logo seu texto, não se
apresse. Lembre-se de que os minutos dedicados à reflexão jamais são perdidos. Procure
antecipar mentalmente o que vai escrever; por meio de pequenos tópicos (frases
ou fragmentos de frase), faça um inventário das ideias a serem desenvolvidas e
só redija a versão final quando tiver um arcabouço (ou seja, um esqueleto) completo
do texto. Poucos têm paciência para fazer isso, mas os que fazem são depois premiados
com uma fácil trilha a percorrer. E, sobretudo, com um precioso ganho de tempo.