Uma questão do Enem tem sido muito
criticada por fazer menção ao pajubá, dialeto secreto usado por gays e
travestis. No comando, a banca apresenta uma frase nesse dialeto e dá outras
informações, como as de que ele é usado em situações informais e já constitui
objeto de um dicionário.
Na questão não se especifica o sentido
de nenhuma palavra do dialeto, pois o propósito não é explicá-lo mas sim
apresentá-lo como um conjunto específico de variantes ligadas a determinado
grupo. O grupo enfocado poderia ser qualquer outro – jovens, marinheiros,
marginais, enfim, qualquer um que tenha a sua linguagem cifrada. Diante disso,
o aluno poderia responder a questão sem conhecer nenhum termo vinculado ao
universo dos gays ou dos travestis.
Por sinal, quem tem vulgarizado esses
termos são os críticos, que estão despertando a curiosidade das pessoas
justamente para aquilo que em tese desejam proibir. Foi através de um vídeo
furibundo contra a prova, por exemplo, que muita gente ficou sabendo o que
significa “acué” e “picumã”.
A garotada deveria passar ao largo
desses termos e se deter no conceito linguístico de dialeto. Se algum reparo se
deve fazer, é à ênfase que o Enem tem dado a classificações e tipologias
(algumas polêmicas) em detrimento da avaliação dos recursos linguísticos que
articulam os componentes textuais.
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