RESTRIÇÃO
SAUDÁVEL
No parágrafo conclusivo, reitera-se com base nas razões alegadas
a necessidade de proibir ou restringir o uso desse artefato eletrônico. A
seguir destacam-se os agentes (família, escola) e os meios pelos quais se pode
proceder a isso. A alusão à França ilustra a ideia de que o celular traz
prejuízos e deve ser, se não proibido, pelo menos objeto de severa restrição. Funciona
como uma espécie de argumento de autoridade e confere força à proposta. Diante
disso, pode constituir um bom fecho, já que é sempre bom encerrar o texto com
uma informação que cale fundo na inteligência ou na sensibilidade do leitor.
O telefone celular
é dos mais populares produtos da tecnologia. Por apresentar uma série de
funções, ele tanto serve à comunicação quanto facilita o desempenho de uma
vasta gama de profissionais. Sua popularidade é maior entre os jovens, que o
utilizam sobretudo para o lazer e a troca de mensagens. No entanto o uso desmedido por pessoas nessa faixa de idade o
tem levado a ambientes impróprios, como o escolar, o que vem gerando graves problemas
disciplinares e pedagógicos.
A escola é um ambiente de aprendizado, por isso impõe a observância de
regras que assegurem a disciplina e a atenção. Quanto mais atento, mais
receptivo o aluno se torna ao que é apresentado em sala de aula. Grande parte
do mau desempenho dos alunos, e mesmo alguns de seus distúrbios mentais, deve-se
à insuficiência de foco naquilo que o professor por vezes se esforça em
transmitir. O celular é um dos responsáveis por essa insuficiência, pois
requisita o usuário de maneira intensa e obsessiva. Essa é inclusive uma das
razões pelas quais ele foi terminantemente proibido nas escolas públicas
francesas.
Além disso, o celular interfere negativamente no processo
ensino-aprendizagem. Ninguém
pode negar o papel relevante que as modernas tecnologias desempenham nas práticas pedagógicas,
mas nem todas lançam mão de aparelhos celulares. Quando o professor os
requisita, orienta previamente a turma, distribui tarefas e, sobretudo, mantém
um estrito controle sobre o que os estudantes podem acessar durante a aula. Sem essa orientação, o celular se torna um concorrente
dos conteúdos ministrados em sala e diz respeito tão-somente aos interesses do
aluno. Não permite,
por esse aspecto, distinguir a sala de aula do espaço doméstico ou de recantos
recreativos como os shoppings.
Faz-se
então necessário proibir ou disciplinar severamente o uso do celular na escola a
fim de que ela não se descaracterize como um espaço no qual é básico manter a atenção.
Para tanto, é fundamental que a família e a própria
escola orientem os alunos quanto ao seu uso. Isso pode ser feito por meio de palestras, leituras orientadas e apresentação
de casos como o da França, onde a proibição teve, segundo o governo
francês, um caráter de “desintoxicação”. Os franceses querem exportar seu
exemplo para o resto do mundo, e não custa nos espelharmos neles se a meta é manter
a disciplina e melhorar o rendimento dos nossos alunos.
Comentários
Contextualização do tema. Nessa parte o tom é genérico. Opta-se
por destacar o papel do celular de modo geral, para em seguida associar o seu
uso aos jovens.
Posicionamento pessoal, que geralmente é introduzido por uma expressão
adversativa (no entanto, porém) ou por um termo que problematize a questão antes
de se formular explicitamente o ponto de vista (tese) -- no caso, o de que o
uso indiscriminado do celular o tem levado a um ambiente impróprio como o da
escola. Note que o ponto de vista se desmembra em dois tópicos (problemas
disciplinares e problemas pedagógicos), dos quais se tratará nos parágrafos argumentativos.
O tópico frasal constitui uma justificativa para o que é
primeiramente apontado na tese (problemas disciplinares). Seu desenvolvimento
amplifica, com uma sucessão de argumentos causais/explicativos, a informação de
que, sendo um ambiente de aprendizado, a escola requer disciplina e em
princípio exclui o uso de elementos perturbadores como o celular. Um de seus
efeitos é promover a redução do foco, o que leva a carência no desempenho e
mesmo a transtornos mentais.
No parágrafo seguinte, ressalta-se no tópico frasal a influência
negativa do celular no processo ensino-aprendizagem. Reforça-se essa
ideia com o argumento de que ele nem sempre se inclui nos planos do professor;
depreende-se daí que pode ser usado quando ocorre essa inclusão. Outro argumento apresentado é o
pragmático, ou de consequência, para mostrar os efeitos de um uso alheio às tarefas
de classe (concorrer com os conteúdos ministrados e servir basicamente ao aluno,
que pode, em tese, utilizá-lo como quiser).
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