Um bom
desempenho na redação pode garantir o acesso à universidade. Como fazer para
produzir um texto que atenda aos requisitos exigidos pela banca?
O
guia divulgado pelo Inep ajuda a responder essas perguntas. Trata-se
de uma importante ferramenta para o aluno e sobretudo para o professor, que tem
nele um excelente roteiro de trabalho em sala de aula. Percebe-se que a maior
preocupação dos seus elaboradores foi estabelecer critérios o mais possível
objetivos, de maneira a uniformizar o processo de correção.
Tal
preocupação se justifica num universo heterogêneo como o do Enem, em que à
variedade dos alunos soma-se a diversidade dos corretores; há desde professores
do ensino médio sem pós-graduação, até docentes universitários com mestrado ou
doutorado. Diz-se que os primeiros tendem a observar mais as infrações à norma
culta, enquanto que os segundos se detêm nos argumentos e nos fatores de
textualidade (coesão, coerência, aceitabilidade etc.).
Caso
isso ocorra mesmo, o balizamento apresentado no guia (que explicita, em cada
competência, o que se deve ou não levar em conta) concorrerá para que o
processo de avaliação se uniformize. O ideal é que uma mesma prova seja
avaliada por professores de diferentes níveis de formação. Mesmo que isso não
ocorra, a possibilidade de se recorrer a até quatro corretores reduzirá
eventuais desequilíbrios.
A
verdade é que não tem cabimento essa divisão entre normativistas (ou
gramatiqueiros) e conteudistas. O texto é uma estrutura, e como toda estrutura
caracteriza-se pela organicidade, o equilíbrio de suas partes. Não há como
produzir um texto argumentativamente bom com falhas na concordância, na
semântica ou na pontuação.
O
que professores e alunos devem fazer é ler com atenção os cinco textos que
obtiveram nota 1000 e aparecem no guia como modelos. A leitura cuidadosa deles
é a melhor forma de saber o que conta (e o que não é tão importante) na
redação. E o que conta mesmo?
Uma
ou outra das redações escolhidas apresenta pequenos problemas de gramática ou
pontuação, mas em todas é possível perceber:
- a boa estruturação do parágrafo, que se desenvolve
em torno de um tópico (articulado, a partir do segundo, ao parágrafo anterior);
- a clara manifestação de um ponto de vista, que é
devidamente justificado por meio de argumentos causais ou factuais (exemplos,
ilustrações);
- o domínio expositivo, ou seja, a capacidade de
desenvolver o tema progressivamente, sem desvios ou repetições, da introdução à
conclusão;
- a apresentação de propostas de intervenção social articuladas
com o ponto de vista e a argumentação. Esse ponto é muito
importante; o candidato não deve propor medidas que nada tenham a ver com o que
foi problematizado.
É sobretudo pelo
atendimento a esses quatro requisitos que vai se medir a competência textual
dos candidatos.
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