domingo, 16 de setembro de 2018

O que mais conta na redação do Enem

Um bom desempenho na redação pode garantir o acesso à universidade. Como fazer para produzir um texto que atenda aos requisitos exigidos pela banca? 
O guia divulgado pelo Inep ajuda a responder essas perguntas. Trata-se de uma importante ferramenta para o aluno e sobretudo para o professor, que tem nele um excelente roteiro de trabalho em sala de aula. Percebe-se que a maior preocupação dos seus elaboradores foi estabelecer critérios o mais possível objetivos, de maneira a uniformizar o processo de correção.
Tal preocupação se justifica num universo heterogêneo como o do Enem, em que à variedade dos alunos soma-se a diversidade dos corretores; há desde professores do ensino médio sem pós-graduação, até docentes universitários com mestrado ou doutorado. Diz-se que os primeiros tendem a observar mais as infrações à norma culta, enquanto que os segundos se detêm nos argumentos e nos fatores de textualidade (coesão, coerência, aceitabilidade etc.).
Caso isso ocorra mesmo, o balizamento apresentado no guia (que explicita, em cada competência, o que se deve ou não levar em conta) concorrerá para que o processo de avaliação se uniformize. O ideal é que uma mesma prova seja avaliada por professores de diferentes níveis de formação. Mesmo que isso não ocorra, a possibilidade de se recorrer a até quatro corretores reduzirá eventuais desequilíbrios.
A verdade é que não tem cabimento essa divisão entre normativistas (ou gramatiqueiros) e conteudistas. O texto é uma estrutura, e como toda estrutura caracteriza-se pela organicidade, o equilíbrio de suas partes. Não há como produzir um texto argumentativamente bom com falhas na concordância, na semântica ou na pontuação.
O que professores e alunos devem fazer é ler com atenção os cinco textos que obtiveram nota 1000 e aparecem no guia como modelos. A leitura cuidadosa deles é a melhor forma de saber o que conta (e o que não é tão importante) na redação. E o que conta mesmo?
Uma ou outra das redações escolhidas apresenta pequenos problemas de gramática ou pontuação, mas em todas é possível perceber:
- a boa estruturação do parágrafo, que se desenvolve em torno de um tópico (articulado, a partir do segundo, ao parágrafo anterior);
- a clara manifestação de um ponto de vista, que é devidamente justificado por meio de argumentos causais ou factuais (exemplos, ilustrações);
- o domínio expositivo, ou seja, a capacidade de desenvolver o tema progressivamente, sem desvios ou repetições, da introdução à conclusão;
- a apresentação de propostas de intervenção social articuladas com o ponto de vista e a argumentação. Esse ponto é muito importante; o candidato não deve propor medidas que nada tenham a ver com o que foi problematizado.  
        É sobretudo pelo atendimento a esses quatro requisitos que vai se medir a competência textual dos candidatos.

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