quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Ser claro é preciso

 - Nota sobre “Guia de escrita”, de Steven Pinker (Ed. Contexto) -  

Esse livro é das melhores coisas que li sobre a arte de redigir. Com base em postulados da neurolinguística, o autor nos apresenta os princípios do chamado “estilo clássico”.  
Entre as diretrizes desse estilo está o emprego da ordem direta, a fuga às abstrações (“O estilo clássico minimiza as abstrações, que não podem ser vistas a olho nu”), a preferência por verbos, a recusa ao emprego dos chamados “substantivos zumbis”, que tendem a “esconder” os responsáveis pelas ações (corrijo muito essa prática nas redações dos vestibulandos, que escrevam frases do tipo: “É preciso mudança e renovação no nosso sistema de ensino”, sem informar quem deve fazer tais mudanças e, sobretudo, em que elas consistem).   

Há também no livro ótimas observações sobre o uso da voz passiva (às vezes injustamente estigmatizada) e sobre os perigos da “maldição do conhecimento”, que consiste em achar que o leitor é capaz de entender conceitos ou nomenclaturas de determinadas áreas.  Esse mal acomete muito os intelectuais e não raro os leva à obscuridade, que no fundo disfarça um falso saber.

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